sábado, 15 de outubro de 2011

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Os dias foram passando e eu continuei a sonhar a mesma coisa todos os dias.Porém,algumas situações iam mudando no decorrer dos sonhos,eu me encontrava em outros lugares da casa,como por exemplo o jardim.Era grande e com uma escada que levava até a casa, toda de mármore e pedras brancas.A escada em certo ponto não tinha saída, levava a uma porta lacrada com gesso e em volta haviam diversas ervas daninhas e trepadeiras em seu redor.Haviam vários trabalhadores na casa, sendo um deles o meu opressor no episódio do ataque.Eles estavam construindo algo que eu tentei descobrir mas não consegui,pois acordei quando ia desvendar um dos mistérios.Eu sabia que precisava de ajuda e essa ajuda não era de psicólogo ou psiquiatra algum,era alguém que pudesse me mostrar a saída daquele sonho,me ensinar como eu poderia me defender de algo ou alguém ruim que pudesse me ferir novamente e principalmente,achar o homem que me salvou daquele episódio horrível.Mas infelizmente não sabia a quem recorrer.
 O mais estranho é que depois de tomar consciência de que eu precisava de ajudar em relação aos sonhos,eles cessaram magicamente.Eu honestamente não entendi o porque,já que eram quatro semanas,sonhando a mesma coisa e cada dia com um complemento diferente.Da mesma forma que eu estava feliz com a ''pausa'' eu ficava cada vez mais curiosa em saber mais sobre aquele lugar e sobre os ''porquês'' que matutavam em minha cabeça.Algo dentro de mim,me preparava pra entender que alguma hora,querendo ou não,teria de voltar aquele lugar e resolver algo mal resolvido.
 Perante um tempo,as coisas andavam normalmente em minha vida.Já não tinha insônia,nem mal estar algum.Estava feliz e muito bem resolvida,pois meu primeiro trabalho surgiu.Tinha sido chamada pra colocar minhas obras de arte em uma exposição que ressaltava novos artistas,caso minha obra fosse muito apreciada,poderia ganhar uma exposição apenas minha e várias propostas de trabalho.E foi justamente isso que aconteceu;uma senhora muito rica e pelo que tinha percebido muito solitária,achou meus quadros infinitamente maravilhosos (foi dessa forma mesmo que ela descreveu) e quis comprar todos eles.Eu logicamente,estava saltitando de alegria,como eu poderia imaginar que uma artista tão ''crua'' como eu,tivesse tanta sorte de agradar uma esnobe senhora? E sendo sincera,aquelas nem eram minhas melhores obras.Posso dizer que aqueles eram apenas simples trabalhos de faculdade,pinturas que literalmente não vinham do meu âmago e não demonstravam nada,quando se tratava de sentimento.Mesmo assim ela comprou todas e me fez uma proposta:
 - Querida,seus quadros são espetaculares e emocionantes.O mundo precisa saber disso,precisa ver que uma jovem tão bela e na flor da idade como você,faz obras que traduzem a dor interior de uma forma tão doce e intensa.
 - Muito obrigada senhora ! Eu fico feliz de agradá-la e espero que o mundo saiba da minha arte.Porém pra isso acontecer,terei de me manchar muito de tinta.
 - Não se eu puder ajudar.Sou uma mulher muito rica e solitária,posso pagar a você um curso complementar na Itália.Aprenderá com os mestres da arte e sairá de lá com fama,influencias e dinheiro.O que me diz?
 - Nossa! Eu sinceramente não sei o que dizer.
 - Apenas diga que aceita o me convite.Poderá morar em casa até o término do curso
 - Mas senhora, eu seria uma pessoa horrível se aceitasse o seu convite.Gastaria seu dinheiro todo comigo.
 -São gastos que eu não posso aplicar em nenhum filho meu.Todos eles morreram em um acidente no passado e eu apenas quero uma pupila que eu possa dar tudo que eu não pude dar a eles.Você é talentosa,doce e sensível, é a filha que eu não tive.Por favor me de uma chance de alavancar a sua carreira.
 -Eu entendo a senhora.Perder filhos deve ser algo horrível.Mas ainda não posso dizer de uma forma concreta se irei ou não.Posso ligar para senhora amanhã para dar a resposta?
 - Claro querida.Estarei esperando pela sua ligação,seja qual for sua resposta.
 -Muito obrigada de novo senhora,eu agradeço realmente a atenção e a oportunidade que está me dando.
 -Não precisa agradecer minha querida.Seu talento te trouxe até aqui,só que é preciso agarrar as oportunidades quando elas batem em sua porta.
 - Preciso ir agora meu bem,ainda tenho alguns lugares para ir depois daqui.Até amanhã e pense com carinho na minha proposta,tudo bem?
 - Sim senhora! Pensarei com muito carinho sim.Até mais e tenha uma boa tarde.
 -Você também querida.

Eu estava feliz e radiante com a proposta.Porém algo me dizia que eu não deveria aceitar.Era como se lá no fundo da alma,alguém soubesse que não seria nada agradável a minha estadia na casa daquela senhora.Mas não tinha outra opção,precisava de dinheiro,precisa de novos trabalhos,precisa ''alavancar'' minha carreira,como ela disse.
 Sendo assim,resolvi ir ,mesmo tendo impressões fortíssimas dos riscos que iria correr.Eu só espero que essas tais ''impressões'' não sejam verdadeiras.Espero que seja apenas uma ansiedade e um medo do novo,algo comum pra quem do nada irá se mudar pra outro país.Eu espero...

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